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Uma viagem
por um
Portugal
inesquecível

Embarque numa viagem em 12 episódios pelos 739 km da Nacional 2, a estrada que atravessa o território e desafia à descoberta.

De Peso da Régua a Lamego

Cais fluvial nas margens do rio Douro, em Peso da Régua

Norte: Episódio #2

De Peso da Régua a Lamego

Voltamos com energia redobrada. A lendária Estrada Nacional 2 é o itinerário perfeito para captar a cultura e a paisagem do Interior do País em toda a sua autenticidade. Sem pressas. Há coisas que exigem tempo. Preparado para a segunda etapa desta aventura? Partimos à descoberta do Peso da Régua e de Lamego.


Publicado em 03 de Agosto de 2022 em 18:59 | Por Cofina Boost Content

km 88

De volta à aventura, chegámos ao Peso da Régua

De Santa Marta de Penaguião ao Peso da Régua é um salto. Ao quilómetro 88, por entre socalcos e vinhas, impera a bonita vista do Alto Douro Vinhateiro e a memória de um povo que desbravou (e continua a desbravar) estas terras.

Concelho rural pertencente ao distrito de Vila Real, o Peso da Régua está situado na margem direita do rio Douro. Conhecido como a capital da região vinícola demarcada mais antiga do mundo, desperta uma inevitável associação ao Vinho do Porto. Pensa-se que o concelho foi habitado durante as invasões romanas e bárbaras, tendo o seu nome origem numa casa romana de campo – “Villa Reguela”. Mas o seu grande desenvolvimento registou-se após 1756, às mãos do Marquês do Pombal, com a criação da Real Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro. Foi ele que mandou delimitar as vinhas do Vale do Douro com marcos de granito – Marcos de Feitoria –, criando a primeira Região Demarcada do mundo. A partir daí, a Régua teve um papel preponderante na produção e na comercialização do vinho do Porto: era daqui que as pipas de vinho eram transportadas em barcos rabelos, Douro abaixo, para envelhecer nas caves de Vila Nova de Gaia.

Destino de enoturismo por excelência, é o local ideal para quem deseja saber mais sobre a arte da produção do tão afamado vinho. Aqui pode visitar quintas de renome, fazer tours às adegas e provas de vinho. E, claro, passar pela Casa do Douro.

As vinhas cultivadas em socalcos nas encostas junto ao rio, obra-prima moldada pelos homens que os cultivaram durante gerações, oferecem as mais incríveis paisagens. De máquina fotográfica ou smartphone na mão – ou não – dirigimo-nos ao Miradouro de Santo António do Loureiro. Daqui, conseguimos observar a curva que o Douro faz em frente ao Peso da Régua, as três pontes da Régua e a barragem de Bagaúste.

Havendo tempo para mais um, não perca o Miradouro de São Leonardo de Galafura. Daqui, Miguel Torga “mergulhava” no rio e embrenhava-se na vista deste “Doiro sublimado”.

Mas em Peso da Régua há muito mais para ver. É o caso das Termas das Caldas do Moledo, reputadas ao nível nacional, com mais um belo miradouro onde podemos descansar à sombra de árvores centenárias com vista privilegiada para o rio.

Sobre a Ponte Metálica, antiga ponte ferroviária, passeia-se sobre o rio Douro e tiram-se aquelas fotografias dignas de Instagram. O Museu do Douro também é de visita obrigatória: resultado da reabilitação da emblemática Casa da Companhia, aqui celebra-se a cultura do vinho com tradição e modernidade.

Na cidade onde nasceram personalidades como o médico e escritor João de Araújo Correia e o pintor Jaime Silva, há que subir à Igreja Matriz, deambular pelo bairro em redor e não perder a oportunidade de saborear os rebuçados da Régua (e levar um bom pacote para o resto da viagem!).

O Peso da Régua está intimamente ligado à N2 e é um destino de férias, de lazer e de prazer. José Manuel Gonçalves, Presidente da Câmara de Peso da Régua, explicou-nos porquê: “A Nacional 2 atravessou, e atravessa, o nosso principal eixo urbano da cidade. Quem nos visitar tem a possibilidade de desfrutar da nossa gastronomia, dos nossos vinhos, mas também do nosso roteiro paisagístico que vai desde S. Leonardo de Galafura a Loureiro, ao miradouro de Santo António e à Fraga da Ermida. Temos uma diversidade grande nas nossas freguesias, e na nossa cidade, onde também se pode desfrutar de um passeio de barco e de uma visita ao Museu do Douro. Da cultura à gastronomia e às paisagens, temos muito para oferecer a quem nos visitar pela Nacional 2.”

km 103

Próximo destino: Lamego

Há um mar de razões para visitar Lamego, uma cidade crucial na construção de uma nação e na devoção de um povo. Protelou até agora? Esse dia chegou. Vai ver que andava a perder um tesouro.

Passaporte da Rota da Nacional 2 carimbado (o que torna esta road trip ainda mais aliciante) e fizemo-nos à viagem. Se à saída do Peso da Régua o GPS assinalava a autoestrada A24, prescindimos da rapidez em prol da beleza do percurso. Depois de um café para elevar (ainda mais) o ânimo, seguimos rumo ao quilómetro 104: Município de Lamego.

A sua origem perde-se na bruma do tempo. Já do tempo dos romanos, em 1057 foi reconquistada aos mouros por Fernando Magno de Leão. Foi aqui que decorreram as lendárias Cortes de Lamego, onde D. Afonso Henriques foi aclamado Rei de Portugal.

Em Lamego, não há rua, ruela ou esquina sem um detalhe de encanto. Mas o ponto alto da visita (literalmente) é o Santuário de Nossa Senhora dos Remédios. A sua sumptuosa escadaria ergue-se na colina para zelar pelos lamecenses. As fontes, os azulejos e as vistas panorâmicas enriquecem a sua decoração e o verde do Parque de Santo Estêvão faz-lhe o enquadramento perfeito. Numa palavra, adorámos.

Mas Lamego tem muito mais do que igrejas. É dona de um legado histórico, cultural, arquitetónico e paisagístico único. A Sé Catedral é de cortar a respiração, bem como o Antigo Paço do Bispo que acolhe o Museu de Lamego, dono de uma das melhores coleções de arte religiosa, escultura e tapeçaria.

Subimos corajosamente até ao Castelo de Lamego, o edifício mais antigo da cidade, e às suas muralhas para apreciar mais uma vista espetacular.A seguir, bastou uma voltinha pelas ruas que se desenrolam à sua volta para perceber como a cidade é hospitaleira.

Se o estômago começar a dar horas, não receie. Quem semeia bons vinhos, colhe boa gastronomia: enchidos, bacalhau com broa, polvo à lagareiro, cabrito assado, a bola e a tarte de Lamego são sabores com história que prometem ficar na memória.

O prestígio dos vinhos da região de Lamego vem de longe.Aqui foi produzido o vinho generoso exportado pela primeira vez com o nome de “vinho do Porto” e os primeiros espumantes nacionais – definitivamente consagrados com os espumantes Raposeira, empresa fundada há mais de 120 anos. Hoje, Lamego (berço do poeta Fausto Guedes Teixeira) é um incontornável centro histórico e cultural do Douro intimamente ligado à Estrada Nacional 2. Estrada que, segundo o presidente da Câmara Municipal Francisco Lopes, “passa nas cidades mais importantes e também nos locais menos procurados e que, por força da criação das autoestradas, deixaram de ser um local de circulação tão frequente”. Este episódio é, portanto, uma oportunidade para “mostrar as imagens fantásticas que o Douro pode proporcionar, mostrar que somos um país hospitaleiro, que sabe receber, com paisagens magníficas e cenários que se prestam a múltiplas atividades”. E “há sempre aquela ponta de orgulho que temos ao mostrar um bocadinho de nós e dos nossos territórios”.

Mais de 100 quilómetros percorridos e tantas experiências vividas desde o início desta aventura. “Quem corre por gosto não cansa” e a Estrada Nacional 2 ainda tem muito para nos dar. Já estamos de olho no próximo episódio: Castro Daire e São Pedro do Sul. Encontro marcado?