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Uma viagem
por um
Portugal
inesquecível

Embarque numa viagem em 12 episódios pelos 739 km da Nacional 2, a estrada que atravessa o território e desafia à descoberta.

De Pedrógão Grande a Vila de Rei

Albufeira de Castelo do Bode

Centro: Episódio #7

De Pedrógão Grande a Vila de Rei

Detentora de características únicas, a Nacional 2 marca presença no top das melhores road trips, tendo vindo a ganhar notoriedade por ser a terceira maior estrada do mundo, reveladora da genuinidade e da diversidade deste nosso pequeno – mas grande – País. O sétimo episódio do programa Nacional 2 – Mais do quem uma estrada marca o ínicio da segunda metade da rota, e as expectativas estão em alta. Pela estrada fora, vamos descobrir Pedrógão Grande, Sertã e Vila de Rei.


Publicado em 07 de Setembro de 2022 em 09:00 | Por Cofina Boost Content

km 319

Pedrógão Grande, uma aventura garantida

Situado no distrito de Leiria, ao quilómetro 324 encontramos Pedrógão Grande. Grande no nome e na riqueza natural, aqui as paisagens são dinâmincas e a poluição do progresso desenfreado ainda se faz sentir.

Muitos motivos justificam uma visita a esta paragem, como refere António José Ferreira Lopes, presidente da câmara municipal: “Visitem as nossas ofertas culturais (…) e saboreiem os nossos petiscos: o bucho recheado, o cabrito, a sopa de peixe, os pratos à base de peixes do rio (achigã, carpa, truta) (…) e o doce – o pudim de pão. Sejam bem-vindos!” Desafio aceite. Partimos à descoberta.

Património (sobre)natural

Erguida sobre o rio Zêzere e rodeada pela paisagem do Vale, surge um dos mais belos postais da região: a Ponte Filipina do Cabril (1607-1610), uma construção de granito com três grandes arcos construída junto a uma antiga ponte romana. Daqui, continuamos até à extensa Barragem do Cabril, cujo miradouro avista o enorme lago, de um lado, e o bonito Vale do Zêzere, do outro. Nos dias de calor, as atenções viram-se para a praia fluvial na albufeira da Barragem do Cabril, pela qualidade da água, da paisagem envolvente e da sua piscina flutuante.

Esta praia não é única no concelho. Também se pode rumar à Praia Fluvial do Mosteiro, um verdadeiro tesouro que fomos visitar. Banhada pela Ribeira da Pena, este paraíso pede para se desfrutar do ar puro e da água cristalina e ainda para vislumbrar um pouco do passado, através do moinho de rodízio recuperado e do antigo lagar de azeite que ali se encontram.

O desejo de ver o panorama bem do alto fez-nos subir até ao Miradouro de Nossa Senhora da Confiança, onde a vista alcança o Zêzere soberano que, no seu serpentear, cria uma paisagem quase mística. Há mais miradouros e tantos outros lugares incríveis, para se lançar à aventura ou para se desconectar da agitação quotidiana.

A região conta com uma dezena de percursos pedestres para todos os gostos e vontades de caminhar (do percurso florestal ao trilho do castelo ou ao dos romanos).

Arte e cultura, passado e presente

Neste município, a arte sacra está bem representada. Além da Igreja Matriz, visitámos a Igreja da Misericórdia, um templo com fachada seiscentista no qual, depois de transposta a porta principal, ressalta a cuidada conservação em que se encontra. Esta igreja alberga, também, um Museu de Arte Sacra cujo acervo inclui peças muito belas e valiosas, como alguns retábulos raros em Portugal.

Já que a zona convida a tranquilos passeios a pé pelo encantador centro histórico, pode passar pelo Pelourinho e pela Torre do Relógio. Os apreciadores de fotografia, e os mais curiosos, não vão querer perder a peculiar Exposição fotográfica N2 NU, assinada por Eddie D Stafford. A partir de um olhar diferente, em que estrada e corpos despidos formam um binómio duplamente homenageado, este fotógrafo viu na Estrada Nacional 2 terreno fértil para explorar a criatividade. Sem pudores nem tabus.

km 345

Sertã, em estado puro

A viagem segue, com maravilhosas paisagens por companhia, até chegarmos à mágica e pacata Sertã (quilómetro 345). Berço de D. Nuno Álvares Pereira, esta vila da Beira Baixa tem pouco mais de cinco mil habitantes, mas história para dar e vender.

Já era bem conhecida durante o Império Romano, como “Sartago”. Quanto ao nome da vila, reza a lenda que, nas lutas da conquista da Lusitânia, houve um ataque romano ao castelo. Uma mulher, de nome Celinda, ao saber que o inimigo estava a subir as muralhas, usou uma enorme frigideira quadrada – sertã ou sertage – cheia de azeite a ferver e lançou-o sobre os invasores que foram obrigados a recuar, dando tempo à chegada de reforços.

Beleza e aventura, ao natural

Para aproveitar ao máximo o contacto com a natureza, nada como (vi)ver as praias fluviais da Sertã, entre as quais a Praia Fluvial da Ribeira Grande situada em pleno coração da vila, ou a praia do Trízio cheia de modalidades desportivas. E se a sua “praia” é mais caminhar pela natureza, tem ao dispor uma panóplia de percursos pedestres, BTT, escalada ou geocaching. Tudo para todos, com uma só constante: a beleza natural. Aqui, a monotonia não entra na equação.

Património arquitetónico

Edificada sobre um bonito vale xistoso, por onde passa a ribeira da Sertã, rodeado por uma ampla área florestal, o concelho da Sertã tem muito para descobrir. No centro da vila, destacamos o Edifício da Câmara Municipal, obra do conceituado arquiteto Cassiano Branco. Este belo exemplo de art déco está situado junto do Jardim da Carvalha, a partir de onde podemos atravessar a histórica Ponte da Carvalha (ou Ponte Filipina) e apreciar uma nora antiga totalmente reestruturada.

Se a História o apaixona, as Estações de Arte Rupestre da Fechadura e da Lajeira, o Castelo da Sertã ou as inúmeras igrejas e capelas seculares (Igreja Matriz, Capela de Santo Amaro) que povoam o concelho são spots imperdíveis.

Com mais dois carimbos no passaporte da Estrada Nacional 2, e o corpo a pedir descanso, em boa hora escolhemos o Hotel Vale Manso. Neste delicioso hotel de charme, situado na Aldeia do Mato – vizinha da Nacional 2 – e construído numa encosta sobre o rio Zêzere, fomos acolhidos por uma vista deslumbrante, ambientes encantadores e uma piscina de água salgada, naquela que foi uma estadia inesquecível.

km 366

Em Vila de Rei, a natureza é rainha

As sus escapadinhas costumam levá-lo ao litoral? Da próxima vez, sia a Nacional 2 até ao quilómetro 366 e descubra o éden: Vila de Rei. Pertencente ao distrito de Castelo Branco, província da Beira Baixa, aqui há serras, vales e majestosas fragas. Montes com vegetação exuberante, rios, cascatas idílicas, praias e um lago azul. E aldeias onde o tempo não tem tempo.

Ricardo Jorge Martins Aires, presidente da câmara municipal, sublinha que “Vila de Rei é o Centro Geodésico de Portugal”, que marca o centro do País. Tendo sido lançado o roteiro dos miradouros neste mês de agosto, o presidente da câmara não tem dúvidas: “São imagens que vão ficar para a sua vida.”

Natureza na sua majestade

Começamos por conhecer a Cascata dos Poios, uma das protagonistas deste cartaz. Nesta altura, o seu caudal é reduzido, mas o quadro natural é de uma beleza desarmante. Pode aventurar-se num dos percursos pedestres mais incríveis do País: o trilho das cascatas de Vila de Rei. Além das grandiosas quedas de água, há poços, lagoas, cascatas; e vegetação, bosques e montes. Acrescente-lhe muita diversão e obtém o melhor de muitos mundos.

Seguindo a sugestão do presidente da câmara, seguimos em direção a um dos mais soberbos miradouros portugueses – o Miradouro Fernandaires –, com vista para a Albufeira de Castelo do Bode e para a praia fluvial com o mesmo nome, rodeada de serras verdejantes e com uma piscina flutuante que vai fazer as delícias das crianças.

O quilómetro 364 é de paragem obrigatória: trata-se do Primeiro Marco Geodésico de Portugal, uma estrutura com 9 metros de altura que, pomposamente, assinala o centro do País. Aproveitando a proximidade, visitámos o Museu da Geodésia e todo o legado histórico e científico deixado por grandes cientistas nacionais. Do alto dos seus 600 metros é, literalmente, um dos pontos altos na visita a Vila de Rei.

Encanto natural não falta, e o Penedo Furado que o diga: o seu miradouro convida à contemplação e, no rochedo gigante que lhe dá o nome, está conservado o famoso fóssil da “Bicha Pintada” com 480 milhões de anos. Da praia fluvial – finalista do concurso “7 maravilhas – Praias de Portugal” – aos passadiços que a ligam a lindas cascatas, qualquer escolha é um passeio de sonho.

Mais uma etapa cumprida

Quilómetro a quilómetro, a mítica Estrada Nacional 2 revela-se (mesmo) uma caixa de surpresas. A vontade de continuar a percorrê-la reacende-se a cada nova etapa. Por hoje terminamos, mas marque já na sua agenda os destinos do próximo episódio: Sardoal e Abrantes. Até já!